O que pode ser isso?
Físico
não é, mas parece ser! É como se fosse flocos de neve no mais flamejante
deserto.
É
a coisificação do tempo eterno, em uma só noite.
É
um aborrecimento enojado das coisas
fúteis que nos rodeiam no aí.
Talvez
fosse melancolia em ataque como uma
nebulosa tristeza que acomete e
afeta...
Será
um excesso de vazio, no próprio nada, que incessantemente o tempo nos revela?
É
dissipar-se no lado inverso do sublime.
Seria,
quem sabe, a angústia
presenteando-nos com o nada para nele ficarmos suspensos?
Não!
Não
é aborrecimento; não é melancolia, nem tristeza, nem angústia.
Então
o que é?
É
um estar detido no decorrer das horas, como o ponteiro que ‘marca’ o tempo, mas
não é o tempo e nem sai do lugar...
É
uma afecção que causa inércia, mas ao
mesmo tempo é avassaladora ao coração.
Não
é um estado psíquico-patológico, nem é o medo
de morrer...
É
um calafrio impetuoso que invade aquilo que pode ser chamado de alma e lhe
arranca a essência e enterra o seu conceito imortal.
É
um desterro, é uma dor fora do corpo que fere o ‘ar’ – espaço vazio - entre os objetos existentes.
É
um relutar frente a correnteza do todo
e do tudo como fenômenos necessários
ao ser.
Não
estou sabendo qual é a causa e por qual causa isso toma-me completamente.
Talvez
seja uma película invisível do tempo, que não me arrasta nem fixa-me, mas é
estrondosamente poderosa...
Mais
uma vez pergunto: O que isso?
É
o poderoso TÉDIO... de tudo!
Mas
entenda! É pelo TÉDIO que (re) tomamos (tomamos de novo) o que haviam roubado
de nós, ou nós mesmos havíamos perdido. Só.