No ano de 2016 eu escrevi: “O ser humano não é errante porque erra. É errante porque caminha.
Caminhando ele erra e na errância, ele aprende. Aprende que precisa errar para
aprender, e, aprendendo, ele sempre sabe que é um errante, não porque procura o
erro, mas porque sempre escolhe caminhos.”
O que é então o erro?
O erro é uma falha. É uma ação. O erro é uma tentativa. O
erro é uma causa... e o que causa o erro?
O erro é causado pela intenção ou pela vontade de
acertar.
Se for intencional, já não é mais erro, mas sim maldade.
Se você erra intencionalmente, você expõe o mau-caráter, você não usa sua
fagulha divina, ou seja, a luz de sua razão.
Mas se você erra tentando acertar, sem propósito de errar,
você mostra a genuína marca do humano, isto é, somos passíveis de erro e sendo
assim, também somos eximidos da culpa por errar.
Errar intencionalmente se concretiza quando sabemos o que
é para fazer e, por esse ou aquele motivo, não o fazemos, ou seja, nosso
propósito é errar.
Mas, quando não se sabe o que fazer e, quando pede-se
urgência na ação, então toma-se a decisão mais aproximada do que é certo. A
incerteza no que se terá que fazer, retira a configuração do erro intencional.
E, às vezes, nosso caminho é incerto, mas precisamos caminhar, errando e
acertando. Às vezes o caminho é obscuro, mas temos que buscar a clareira... Ás
vezes o caminho é nebuloso, mas precisamos marchar em direção da luz. E por
isso mesmo que, na obscuridade – erramos, assim também como na nebulosidade...
Em tempo de incertezas, vamos errar mais e talvez acetar
menos, mas isso não quer dizer que erramos intencionalmente... Se erramos, como
de fato pode acontecer, foi fazendo o melhor que tínhamos que fazer naquele
momento de incerteza. Aliás, como diz um filósofo: “Quanto mais incertezas temos, mais inteligentes somos.” Por que
estar certo de alguma coisa ou de tudo, faz com a inércia tome conta da nossa
ação, não nos movimentamos mumificados pela estagnação.
Por isso eu digo: Eu erro!
Erro porque faço! Erro porque quero que aconteça! Erro
porque busco fazer o meu melhor! Erro porque sou de tentativas! Erro porque sou
errante! Erro porque penso e me movimento no labirinto daquilo que penso ser
possível.
Então, quando eu errar, ou seja, quando eu não
corresponder sua expectativa, não me julgue. Primeiro por que não há ninguém
que não erra; segundo porque não errei intencionalmente; terceiro, porque errei
tentando acertar, errei fazendo o melhor que podia naquele momento.
(Ezildo Antunes - Esp. em Educação e Me. em Filosofia)
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