domingo, 30 de outubro de 2016

A LENTE

Já estava me desvirtuando do virtual quando o real me chamou à realidade
Vi ali como uma lente é o invólucro sagrado dos que fingem um sorriso
Cada vez que me contorci para avistar o abismo, migalhas de tempo sorrateiramente sopraram... e... me arrastaram à margem [de novo]
Então como uma força de mil tsunamis o destino me dobrou os joelhos e o fardo aumentou a dormência dos meus ombros
Eu que aguentava tudo, percebi minhas mãos trêmulas e fingi que estava tudo bem
Apesar de o calabouço ser raso, alguém tinha entortado a chave e jogado na outra margem do rio...
E perguntas antigas e antiquadas nasceram:
Já viram um muro feito de cinzas?
Já viram uma vela queimar ao contrário?
Já viram um eclipse sem sentir o calor do chão com os pés calcados na terra?
Ninguém mais respondeu o que tinha que ser respondido!
As paredes entenderam tudo e o dono do alto-falante dormiu tranquilo
Enquanto isso mais zumbidos tiniam em meu peito e a alvorada era manchada de cores pulsantes.
Ora, estava entendendo que enquanto o tempo passa mais palavras são necessárias para dizer coisa alguma.
E as lentes?
Continuavam ali a serviço do insolente sorriso! Sorriso feito, fabricado, disfarçado, forçado, forjado... mas com profundidade de poço! Poço de água límpida...
Então ele falou: ___ Meça suas palavras baby
Ela respondeu: ___ Não!

Incrível!? Não é!?