terça-feira, 13 de novembro de 2018

ASSIM COMO OS GIRASSÓIS



Era uma vez um jovem ansioso em descobrir o mundo e logo teve um encontro com um velho sábio.
O jovem se aproximou do velho sábio e perguntou:
___ Qual o segredo da vida?
O velho sábio disse:
___ Vá aos campos e observe os girassóis. Observe atentamente. Volte depois de três dias e aí continuamos a conversa.
O jovem muito curioso, não entendeu por que o sábio tinha lhe falado isso, mas sem resignação partiu a fim de observar os girassóis.
Passados três dias, o jovem foi ao encontro do velho sábio e disse:
___ Pronto! Já fiz tudo o que me pedira. Mas não encontrei a resposta para a pergunta que lhe fiz.
O velho sábio então disse:
___ Senta aqui, que eu vou lhe explicar.
Cada girassol representa cada um de nós. Vivemos todos no mesmo campo: A vida, o mundo! Vivemos partilhando espaços com os outros. Embora pareçam todos iguais, cada girassol tem sua peculiaridade. Assim também somos nós. Cada girassol tem suas raízes cravadas no chão, mas também buscam ‘olhar’ para o alto. Nós também. Somos seres com os pés firmes no chão, mas somos o único animal que possui a verticalidade para olhar para o horizonte.
Perceba filho! Cada girassol busca incessantemente o sol. Para nós, esse sol é Deus. Querendo ou não cada um de nós busca incessantemente Deus. Mesmo aqueles que não acreditam, um dia já falaram: Ai meu Deus!
Então o jovem disse:
___ Mas à noite, como os girassóis agem?
À noite – respondeu o velho sábio – A noite eles se voltam para si em buscam e si mesmo forças, vigor, esperança... de que no dia seguinte o sol estará lá com o seu poderoso brilho.
Assim somos nós! A noite significa aqueles momentos nebulosos, difíceis, sombrios que cada um de nós terá que passar enquanto caminhamos neste mundo. Nesses momentos pensamos que Deus nos abandona, mas não, Deus está sempre presente nos protegendo. Mas como os girassóis, de vez em quando, temos que voltar para nós mesmos e buscar em nós força, vigor, esperança...
Então o jovem disse:
___ Mas os girassóis morrem. E aí Termina tudo?
O velho sábio levantou, olhou bem nos olhos do jovem e disse:
___ Sim! Os girassóis morrem, mas isso não significa que acabou tudo. Cada um deles deixará para o mundo dezenas... se não, centenas de sementes que serão utilizadas para os mais variados fins. Inclusive para germinar outros girassóis.
Assim somos nós. Ao deixarmos esse mundo e confirmarmos a possibilidade da não mais possibilidade: a morte, deixamos sempre sementes, deixamos sempre um legado, deixamos sempre nossa marca.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

O QUE EU APRENDI COM O RÁDIO DE PILHA

SILENCIAR
__ Silêncio! dizia meu pai. __ Vamos sintonizar uma estação! Então ele girava o botão e de chiado em chiado, de repente: Bingo! Achamos a estação.

A MEDIDA CERTA
Aprendi a medida certa das coisas quando meu pai ia quase que em 'câmera lenta' até achar aquele ponto exato onde (lá na roça, longe de tudo) sintonizava uma única AM.

PACIÊNCIA
Quantas vezes 'acabavam' as pilhas e aí era preciso esperar. Esperar até que meu pai fosse no armazém mais próximo ou até a cidade para comprar novas pilhas. Isso poderia demorar semanas e pacientes esperávamos e quando a pilha nova chegava era aquela alegria.

ORAR
Sim! todos os dias as 18 horas era um momento sagrado. Era a hora da Ave Maria. Uma oração e uma canção do Pe. Zezinho.

O GOSTO PELA MÚSICA RAIZ:
Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco, Liu e Leo, Leo Canhoto e Robertinho, Chitãozinho e Xororó... era a trilha sonora. Músicas que falavam sobre as coisas da natureza, histórias com uma 'moral', ... tinham letra, tinham melodia.

AMAR
A família se reunia para ouvir o rádio, para ouvir histórias e canções de amor. Tinha café! Pão quentinho ou chimarrão, tinha canjica, virado de feijão... tinha união. Vivíamos de fato o amor em família.

Em fim... No tempo do rádio de pilha, quase ninguém era pilhado.


segunda-feira, 10 de setembro de 2018

OPÇÕES

Se reuniram os melhores alimentos!
Chamaram também para a trupe o VINHO, a ÁGUA e o CAFÉ.
Foram até o CORPO e disseram:
__ Eis o que precisas para ser saudável!
O CORPO respondeu:
__ Não estou só! Descartes me proclamou res cogitam também!
__ Tudo bem! disse o VINHO, a FILOSOFIA não te fará mal (ou não!?)
Eis que do nada (ou da matemática), apareceu a MÚSICA e disse:
__ Para pisares nos pedestais dos deuses, use-me!
Escutando tudo isso, com voz suave e ácida, disse a POESIA:
__ Que devaneio ingênuo!


@ezildoantunes

terça-feira, 29 de maio de 2018

AINDA HÁ TEMPO NESTE TEMPO! OU NÃO!


Está nascendo um novo tempo! É um tempo de transição: de conceitos, de pessoas, de tipos, de ideias, de pensamentos, de tribos, de grupos... As pessoas estão em agrupamentos diversos, são retirantes, são imigrantes, são ricos, são pobres... cada qual defendendo uma nova logística de vida.
As pessoas não aprendem mais nas escolas, as pessoas se solidarizam virtualmente, as pessoas falam, xingam, deturpam... e de repente, do nada, de um rincão desconhecido surge um ato heroico. Todos aplaudem! No outro dia uma catástrofe por (pôr) fogo estampa as capas dos jornais (aqueles que ainda gastam papel com notícias de sangue). E de repente uma eleição fraudada leva mais um desses humanos inumanos ao poder e o povo idolatra, e o povo bate lata, panela, bate boca, ergue bandeira, queima pneu, viaja.... Outros riem dos infernos alheios e não são capazes de olhar nos seus próprios espelhos. Uns mentem, outros sonham, outros escondem malas de dinheiro e se safam como se nada tivesse acontecido.
As pessoas não se moralizam pela religião! Alguns apenas aprendem as lições do chão, dos rios, das borboletas, dos ets... Líderes mundiais criam muros, investem em armas, outros ainda escrevem poemas e nada dispersa a multidão atrás de ilusões perdidas. Abram as ventanas, enxerguem para além da cartilha dos macacos adestrados... A cegueira atrapalha, a ignorância lhe presenteia e quem acolhe é esquecido como sempre. Tédio! Raízes! Lutas! Angústia! Ainda há tempo nesse tempo transloucado, absurdo e sem cor. Vão surgir mais números binários e cada ser vivo deste planeta viverá cúmplice do dinheiro, do lucro, do cansaço, do consumo, do canibalismo invertido.
Em tempos alheios onde o eu está desfigurado por causa do nós que é mais egoísta do que o próprio ego do eu, não serve o we, o wir, o noi nem o nous porque são nada mais do que crostas de impessoalidade. Talvez nos sirva o nosotros que por etimologia liga o nós+os+outros. Mas isso é difícil demais para pensar, dá nós em nós e assim caminhamos como aqueles seres quadrúpedes com vendas que os impedem de olhar as lateralidades, as alteridades de um mundo que não é plano, nem quadrado, mas é redondo, um arco, sem começo nem fim... mas tudo acaba!

sexta-feira, 11 de maio de 2018

OS FILHOS SÃO PIPAS

Nossos filhos são pipas!
Sim, pois no começo nascem 'ligados' por um fio...
Depois corta-se o fio! E este é substituído por uma linha invisível chamada ato de educar.
No começo esperamos o melhor vento e então os ensinamos a alçarem os primeiros vôos.
Damos corda! Soltamos a linha!
Mas por vezes, quando o vento é demais, é necessário encurtar a linha e trazê-los pra perto de nós.
E dizer: Calma filho! Espere passar a ventania!
E ele se aconchega em nosso colo, dorme e desperta novamente.
E então quer voar!
E lá vamos nós - pais e mães - ajudá-los a voar
E de novo soltamos mais a linha e eles vão se distanciando de nós
Mais um pouquinho... e eles querem voar cada vez mais alto, mas pai e mãe ainda temem o voo do filho e por isso encurtam a linha, trazem eles para perto para lhes dar afeto, dar-lhes conselhos, dar-lhes exemplo e contar-lhes quão difícil é voar sozinho...
E de repente chega a hora mais doída.
Aquela em que os pais vão dando corda, vão soltando a linha e linha se desprende de vez - e os filhos voam, se afastam, vão embora...
E neste momento de preocupação, mas de alegria, que vamos testar nossa capacidade de empinadores de pipas... de educadores de almas, de lapidadores de espírito.

(Ezildo Antunes - Esp. em educação e Mestre em Filosofia)

segunda-feira, 2 de abril de 2018

HOMINÓIDES?

"O primeiro fóssil reconhecido como Homo sapiens moderno, dotado de fronte ampla e queixo saliente, apareceu no Oriente Médio, há cerca de 90 mil anos."

Informação interessante não?
90 mil anos?
Sapiens? de Sapiência? de sabedoria?
Erectus porque olha o horizonte, possui sonhos?
Habilis porque desenvolveu sua manualidade, sua lida com os utensílios?
Tudo isso marca psico-fisiologicamente a herança onto-filo-gênica daquilo que somos.
Evoluímos?
É! parece que pelos menos no que diz respeito ao uso manual das coisas evoluímos muito!
E a sapiência?
Parece estar sendo superada por um dos prêmios da estrutura evolutiva do nossos membros.
Sabe qual é prêmio?
É a capacidade que só esse homo sapiens moderno tem: opor os polegares.
É nesse ritmo que estamos 'andando':
Usando em telas "vazias' nossos polegares opositores.
Teclando com dois dedos polegares, esquecemos do indicador.
Sim, ele deveria indicar, o rumo, o movimento, o horizonte, a vida...
Esquecemos o médio!
Sim, este dedo sinal de mediania, de meio termo, de equilíbrio.
Esquecemos o anelar!
Dedo da aliança, do anel, do amor, da postura, da confiança, do compromisso.
E o mínimo?
O mínimo que temos que fazer é começar a pensar pela pequena sabedoria que as mãos proporcionam, uma nova postura desse Homo que somos.
Se descuidarmos, usando demasiadamente os polegares opositores, corremos o risco de envergamos nossa coluna vertebral, perder o sentido de horizonte e assim perder o poder de pensar.
Cuidado Hominóide!