sábado, 22 de novembro de 2014

"E já dizia Kant!"

ESTATÍSTICA

ESTATÍSTICA

São necessários mil quilos para fazer uma bomba atômica
Cinco gramas de flor para escrever um poema
Dez gramas de plumas para voar no azul
Vinte miligramas de medicamentos para salvar um homem
Cem gramas de pão para alegrar uma criança
Cento e setenta quilos de bolo para casar a filha do presidente.

( Sidónio Muralha: O pássaro ferido)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

ABRE ASPAS PARA M. HEIDEGGER

ABRE ASPAS PARA M. HEIDEGGER

"Os mortais são os homens. chamam-se mortais porque podem morrer. Morrer diz: ser capaz de morte como morte. Somente o homem morre e, na verdade, somente ele morre continuamente, ao menos enquanto permanecer sobre a terra, sob o céu, diante dos deuses. [...].

Os mortais habitam à medida que salvam a terra, tomando-se a palavra salvar em seu antigo sentido, ainda usado por Lessing. Salvar não diz apenas erradicar um perigo. Significa, na verdade: deixar alguma coisa livre em seu próprio vigor. Salvar a terra não é assenhorar-se da terra e nem tampouco submeter-se à terra, o que constitui um passo quase imediato para a exploração ilimitada.

Os mortais habitam à medida que acolhem o céu como céu. Habitam quando permitem ao sol e a à lua a sua peregrinação, às estrelas a sua via, às estações dos anos as suas bênçãos e seu rigor, sem fazer da noite dia e em do dia uma agitação açulada.

Os mortais habitam à medida que aguardam os deuses como deuses. Esperando, oferecendo-lhes o inesperado. Aguardam o aceno de sua chegada sem deixar de reconhecer os sinais de suas errâncias. Não azem de si mesmos deuses e não cultuam ídolos. No infortúnio, aguardam a fortuna então retraída.

Os mortais habitam à medida que conduzem seu próprio vigor, sendo capazes da morte como morte, fazendo uso dessa capacidade com vistas a uma boa morte. Conduzir os mortais ao vigor essencial da morte não significa, de modo algum, ter por meta a morte, entendida como o nada vazio; também não significa ofuscar o habitar através de um olhar rígido e cegamente obcecado pelo fim"

( Do livro: Ensaios e Conferências - Conferência: Construir, habitar, pensar p. 130)