terça-feira, 29 de maio de 2018

AINDA HÁ TEMPO NESTE TEMPO! OU NÃO!


Está nascendo um novo tempo! É um tempo de transição: de conceitos, de pessoas, de tipos, de ideias, de pensamentos, de tribos, de grupos... As pessoas estão em agrupamentos diversos, são retirantes, são imigrantes, são ricos, são pobres... cada qual defendendo uma nova logística de vida.
As pessoas não aprendem mais nas escolas, as pessoas se solidarizam virtualmente, as pessoas falam, xingam, deturpam... e de repente, do nada, de um rincão desconhecido surge um ato heroico. Todos aplaudem! No outro dia uma catástrofe por (pôr) fogo estampa as capas dos jornais (aqueles que ainda gastam papel com notícias de sangue). E de repente uma eleição fraudada leva mais um desses humanos inumanos ao poder e o povo idolatra, e o povo bate lata, panela, bate boca, ergue bandeira, queima pneu, viaja.... Outros riem dos infernos alheios e não são capazes de olhar nos seus próprios espelhos. Uns mentem, outros sonham, outros escondem malas de dinheiro e se safam como se nada tivesse acontecido.
As pessoas não se moralizam pela religião! Alguns apenas aprendem as lições do chão, dos rios, das borboletas, dos ets... Líderes mundiais criam muros, investem em armas, outros ainda escrevem poemas e nada dispersa a multidão atrás de ilusões perdidas. Abram as ventanas, enxerguem para além da cartilha dos macacos adestrados... A cegueira atrapalha, a ignorância lhe presenteia e quem acolhe é esquecido como sempre. Tédio! Raízes! Lutas! Angústia! Ainda há tempo nesse tempo transloucado, absurdo e sem cor. Vão surgir mais números binários e cada ser vivo deste planeta viverá cúmplice do dinheiro, do lucro, do cansaço, do consumo, do canibalismo invertido.
Em tempos alheios onde o eu está desfigurado por causa do nós que é mais egoísta do que o próprio ego do eu, não serve o we, o wir, o noi nem o nous porque são nada mais do que crostas de impessoalidade. Talvez nos sirva o nosotros que por etimologia liga o nós+os+outros. Mas isso é difícil demais para pensar, dá nós em nós e assim caminhamos como aqueles seres quadrúpedes com vendas que os impedem de olhar as lateralidades, as alteridades de um mundo que não é plano, nem quadrado, mas é redondo, um arco, sem começo nem fim... mas tudo acaba!

sexta-feira, 11 de maio de 2018

OS FILHOS SÃO PIPAS

Nossos filhos são pipas!
Sim, pois no começo nascem 'ligados' por um fio...
Depois corta-se o fio! E este é substituído por uma linha invisível chamada ato de educar.
No começo esperamos o melhor vento e então os ensinamos a alçarem os primeiros vôos.
Damos corda! Soltamos a linha!
Mas por vezes, quando o vento é demais, é necessário encurtar a linha e trazê-los pra perto de nós.
E dizer: Calma filho! Espere passar a ventania!
E ele se aconchega em nosso colo, dorme e desperta novamente.
E então quer voar!
E lá vamos nós - pais e mães - ajudá-los a voar
E de novo soltamos mais a linha e eles vão se distanciando de nós
Mais um pouquinho... e eles querem voar cada vez mais alto, mas pai e mãe ainda temem o voo do filho e por isso encurtam a linha, trazem eles para perto para lhes dar afeto, dar-lhes conselhos, dar-lhes exemplo e contar-lhes quão difícil é voar sozinho...
E de repente chega a hora mais doída.
Aquela em que os pais vão dando corda, vão soltando a linha e linha se desprende de vez - e os filhos voam, se afastam, vão embora...
E neste momento de preocupação, mas de alegria, que vamos testar nossa capacidade de empinadores de pipas... de educadores de almas, de lapidadores de espírito.

(Ezildo Antunes - Esp. em educação e Mestre em Filosofia)