domingo, 29 de janeiro de 2017

SE

Se algum dia me disseres que a dor já passou
Então levanto de madrugada e corro para os seus braços
Saio correndo feito água de rio que não encontra obstáculo
Fujo feito lava de vulcão incontrolável
Beijo-a feito furacão envolvente
Abraço-a feito rebento de semente em terra fértil.
Se algum dia disser que há esperança
Então não preciso de bússola
Voo até os confins da galáxia
E puxo-a pela mão
Corro contigo na chuva
Compro pra ti um cachecol carmim.
Se algum dia me disser que estás feliz assim
Então me encolho
Me fecho como um caracol frente a um punhado de sal
Me retiro como super herói que não quer revelar a identidade
Vou-me como folha sem rumo tocada pelo vento.
Se algum dia me disser que está tudo terminado
Então me transformo em ponto final
Não escrevo mais poesia
Não dedilho meu violão, não acendo mais fogueiras
Não faço mais nada
A não ser viver até o pôr do sol
Não canto, nem choro, nem rezo, nem durmo...
Fico aí pelos cantos como um moribundo esperando a ferida cicatrizar.
Se me disseres que os tempos são outros
Então eu concordarei e pedirei só pra descansar em paz
Peço licença e me refugio em um casebre nas montanhas de gelo
Ali acendo, aceno, ascendo...



                                              (Bertulinha/17)

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